“E contareis para vós desde o dia seguinte ao primeiro dia festivo, desde o dia em que tiveres trazido o “ômer” da movimentação; sete semanas completas serão.” (Lev. 23:15)

Imagem de Christo Anestev por Pixabay

Na primeira noite de Pessach, nós saímos do Egito às pressas, levando conosco a matzá, o pão sem fermento, por não ter tido tempo de deixar crescer a massa. No dia seguinte, começa a contagem do ômer (Sefirat haômer), que serão 49 dias até a entrega da Torá, aos pés do Sinai no 50º dia.

Como unidade de medida, um ômer era a quantidade de cevada que era dada em oferenda no Templo em Jerusalém. Doar parte da produção é tanto uma forma de gratidão pelo que recebemos, quanto de reconhecimento de que as dádivas recebidas são para que as administremos, de forma a partilhar com o próximo, assumindo nossa responsabilidade por fazer justiça social.

Nessa nossa jornada que vai da libertação (em Pessach) à revelação (em Shavuot), a atenção com a contagem nos obriga a estar atentos ao caminho e a dar significado à liberdade, da qual acabamos de nos apropriar.

Contar os passos do caminho também nos convoca a nos posicionarmos em relação ao ponto de origem e o de destino. Nos conduz por uma trilha, com expectativa pela chegada a um objetivo, mas sem que o foco esteja no ponto final, mas no percurso em si mesmo.

Talvez a contagem do ômer signifique o grande desafio da vida: viver cada dia com consciência. Conscientes de que somos livres (o primeiro dos 10 mandamentos); conscientes de que temos uma responsabilidade com o outro; e conscientes de que temos pela frente um futuro glorioso.

Por agora, nos resta apreciar a companhia daqueles que percorrem conosco a travessia no dia-a-dia; e apreciar o firmamento à noite, já que é justo na escuridão do deserto onde melhor é possível desfrutar o brilho das estrelas.

Fazemos a contagem em cada noite, acompanhada da seguinte bênção:

Baruch atá Adonai Eloheinu melech ha’olam asher kid’shanu b’mitzvotav vetzivanu al sefirat ha’omer.


Bendito és Tu, Adonai nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificas com suas mitsvot e nos ordenaste a contagem do ômer.

Hoje é o [quarto] dia do ômer!

Kelita Cohen é psicóloga, doutora em processos de desenvolvimento humano e saúde pela Universidade de Brasília (UnB) e estudante de rabinato no Instituto Ibero-americano de Formação Rabínica Reformista (IIFRR), além de integrar a Comissão Religiosa da ACIB.

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